Se prestarmos atenção ao céu pouco antes da aurora, poderemos ver uma estrela a pouca altura do horizonte acima do ponto onde o sol despontará. Esse fato passa despercebido a muitos, pois nessa hora, ou ainda se dorme, ou já se está no corre-corre matutino.
Embora essa estrela não seja vista em todas as latitudes ou em todos meses do ano, a sua frequência fez a voz do povo chamá-la de “estrela da manhã”. Terá isso algum simbolismo de algo mais alto?
Deus espalhou por todo universo — desde as estrelas imensas até os minúsculos seres — aquilo que São Tomás de Aquino chama de “vestígios” de Deus. Por vezes “vestígios” tão evidentes como o que nos leva a chamar Deus de Pai, pois os pais são um reflexo de Deus, como a mãe é de Maria Santíssima.
O que representa esta “estrela matutina”?
É muito conhecida a bela expressão referindo-se a Nosso Senhor Jesus Cristo como o “Sol da Justiça”. Assim como a referida estrela aparece próxima ao horizonte indicando onde o sol nascerá, assim também o nascimento de Maria Santíssima foi o sinal de que logo nasceria Jesus.
Os escritores sagrados referem-se a esse fato nos seguintes termos: durante quatro mil anos os Patriarcas, os Profetas e os Santos do Antigo Testamento suspiraram pela vinda do Redentor prometido a nossos primeiros pais (Gn 3, 15). Muitos dos livros do Antigo Testamento atestam o ardor dessa súplica. Apenas uma criatura, escolhida por Deus desde toda eternidade haveria de obter a vinda do Redentor: Maria Santíssima.
Segundo a tradição oral confirmada pelos Padres Apostólicos (que conviveram com os Apóstolos e discípulos), a Santíssima Virgem nasceu numa data do calendário judaico, que transposta para o calendário romano dá no dia 8 de setembro.
NASCE UMA LINDA MENINA
Neste feliz dia, aproximadamente no ano 15 a. C., Santa Ana deu à luz uma linda menina a qual recebeu o nome de Miriam (em latim “Maria”) que em hebraico, significa “Senhora soberana”. Segundo alguns pesquisadores, provém do sânscrito “Maryáh”, que quer dizer literalmente “a pureza, a virtude, a virgindade”.
Foi Maria escolhida por Deus para ser a Mãe de seu Divino Filho, Jesus, sendo concebida sem pecado original, cheia de graça — conforme a saudação do anjo Gabriel —, co-Redentora, medianeira universal de todas as graças. A Ela recebemos por Mãe, conforme as palavras de Jesus a São João Evangelista: “Filho, eis aí tua Mãe”. (Jo 19, 27)
GRANDEZAS DA “ESTRELA”
“Era necessário que a Mãe de Deus fosse também puríssima, sem mancha, sem pecado. E assim, não apenas quando donzela, mas em menina foi santíssima, e santíssima no seio de sua mãe, e santíssima em sua concepção. Pois não convinha que o santuário de Deus, a mansão da Sabedoria, o relicário do Espírito Santo, a urna do maná celestial, tivesse em si a menor mácula. Pelo que, antes de receber aquela alma santíssima, foi completamente purificada a carne até do resíduo de toda mancha, e assim, ao ser infundida a alma, não herdou nem contraiu mancha alguma de pecado(…). Quer dizer, a mansão da divina Sabedoria foi construída sem a inclinação para o pecado”, ensina São Tomás de Villanueva. (1)
Escreve São João Eudes: “A gloriosa Virgem não apenas foi preservada do pecado original em sua concepção, como foi também adornada da justiça [no sentido de santidade] original e confirmada em graça desde o primeiro momento de sua vida, segundo muitos eminentes teólogos, a fim de ser mais digna de conceber e dar à luz o Salvador do mundo. Privilégio que jamais foi concedido a criatura alguma humana nem angélica, pertencendo somente à Mãe do Santo dos Santos, depois de seu Filho Jesus. […]
“Todas as virtudes, com todos os dons e frutos do Espírito Santo, e as oito bem-aventuranças evangélicas se encontram no coração de Maria desde o momento de sua concepção, tomando inteira posse e estabelecendo n’Ela seu trono num grau altíssimo e proporcionado à eminência de sua graça”. (2)
Nas palavras do grande doutor mariano, São Luís Grignion de Montfort, Maria Santíssima “é a obra-prima por excelência do Altíssimo, cujo conhecimento e domínio ele reservou para si. Maria é a Mãe admirável do Filho, (…) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode penetrar. Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins” (3)
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