“Espírito de Deus, enviai dos Céus um raio de luz! Vinde, Pai dos pobres, daí aos corações vossos sete dons. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde! No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem. Enchei luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós! Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele. (…) Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Dai em prêmio ao forte, uma santa morte, alegria eterna”.

Na Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, localizada na capital baiana, o dia de Pentecostes foi celebrado com uma grande Festa ao Divino, no dia 09 de junho do corrente ano. Às 10h, iniciou-se o cortejo com o séquito do Imperador da festa, a partir da Igreja Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão, seguindo para a Paróquia Santo Antônio Além do Carmo. O Imperador da Festa do Divino é representado por um jovem, que, neste ano, foi Antônio Gabriel, de 9 anos, numa tradição de 249 anos realizada nesta Paróquia. A Solenidade Eucarística aconteceu às 10h30min, celebrada pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger e concelebrada pelo Frei Ronaldo Magalhães. A ocasião também contou com as presenças do Diácono Augusto César, das autoridades, da Irmandade do Divino Espírito Santo, do Coral dos Cooperadores dos Arautos do Evangelho de Salvador – convidado pela Irmandade para abrilhantar a Solenidade com belos cantos apropriados para a tradicional Cerimônia -, além de devotos, fiéis e visitantes, que vieram prestigiar este momento muito importante, não só pela tradição histórica, mas também e, sobretudo, pela importância do dia de Pentecostes para os cristãos católicos, em um ponto histórico da cidade.

A Festa do Divino Espírito Santo é uma tradição que veio de Portugal, considerada como um momento de alegria, união e agradecimento. Este feito foi realizado pela Rainha Isabel de Aragão, por ter realizado uma promessa ao Divino Espírito Santo para que seu esposo, Dom Dinis fizesse as pazes com seu filho, Dom Afonso, sendo que, após sua morte, o seu filho receberia o trono. Ela não se conformava com a desunião entre os dois (pai e filho). O Rei Dom Dinis, por sua vez, queria que seu outro filho (fora do casamento) assumisse o trono. Antes que ocorresse a morte entre pai e filho, a Rainha suplicou ao Divino Espírito Santo pela paz entre os dois. Fora uma esposa de muita fé, pois conseguiu alcançar a graça que perpetua até os dias de hoje. Uma cópia da coroa e uma pomba no alto dela são utilizadas na festa do Divino. Além da festa que ocorre atualmente, um gesto se repete pelo Imperador, através da “graça da liberdade”, isto é, quando dois presos foram soltos e, na fala do pequeno Imperador que o representa, muito emocionado, “rogo a Deus que dê novos rumos às suas vidas em busca de novos caminhos que lhe concedam a felicidade”. “Que Nosso Senhor nos purifique e livre dos pecados”.

Pentecostes é celebrada 50 dias após a Páscoa do Senhor. O Arcebispo, Dom Murilo, fez-nos refletir sobre “a paz, que é o principal dom que o Espírito Santo concede”. Por isso, através do Espírito Santo, falamos as “Maravilhas de Deus” e, por meio dEle, os dons do Espírito nos mostra o quão “Deus é Maravilhoso”. Tomemos cuidado, porém, com o “pecado que nos divide”. O Espírito Santo “nos faz unir”.

Ainda foi lembrado pelo Arcebispo que, na Igreja de Santo Antônio Além Carmo, foi batizada a Irmã Dulce. “O bem que é feito na cidade, ao próximo não precisa ser divulgado, pois o Espírito Santo age no muito. Se não é feito mais, é porque nós impedimos, através da divisão, do ódio, ou seja, do pecado. Se formos levados pelas propostas do mundo, não seremos conduzidos pelo Espírito Santo”. Em seguida, Dom Murilo pede que nos deixemos ser conduzidos pelos sete dons. Por fim, o Círio Pascal foi apagado e, daquele local sagrado, todos puderam refletir sobre as maravilhas que Deus concede em nossas vidas.