Poucas coisas tocam mais o coração de um filho do que o sorriso da própria mãe. Como será então o sorriso de Nossa Senhora para cada um de nós? Os Santos insistem sempre em que Maria nos ama individualmente como se apenas cada um de nós existisse. Como será o sorriso para esse filho único?
São oportunas nesse sentido as considerações que seguem, proferidas pelo Papa Bento XVI.
SORRISO DE MARIA
Papa Bento XVI
Maria vive hoje na alegria e glória da Ressurreição. As lágrimas derramadas ao pé da Cruz transformaram-se num sorriso que nada mais apagará, embora permaneça intacta a sua compaixão materna por nós. Atesta-o a intervenção da Virgem Maria em nosso socorro ao longo da História e não cessa de suscitar por Ela, no povo de Deus, uma confiança inabalável: a oração Memorare (Lembrai-Vos) exprime muito bem este sentimento.
Verdadeiro reflexo da ternura de Deus
Maria ama cada um dos seus filhos, concentrando a sua atenção de modo particular naqueles que, como o Filho d’Ela na hora da Paixão, se acham mergulhados no sofrimento; ama-os, simplesmente porque são seus filhos, por vontade de Cristo na Cruz. O salmista, vislumbrando de longe este vínculo materno que une a Mãe de Cristo e o povo crente, profetiza a respeito da Virgem Maria: “Os grandes do povo procurarão o teu sorriso” (Sl 44, 13). E assim, solicitados pela Palavra inspirada da Escritura, sempre os cristãos procuraram o sorriso de Nossa Senhora, aquele sorriso que os artistas, na Idade Média, tão prodigiosamente souberam representar e engrandecer.
Este sorriso de Maria é para todos: no entanto, dirige-se de modo especial para os que sofrem, a fim de que nele possam encontrar conforto e alívio. Procurar o sorriso de Maria não é uma questão de sentimentalismo devoto ou antiquado; antes, é a justa expressão da relação viva e profundamente humana que nos liga Àquela que Cristo nos deu por Mãe.
Desejar contemplar este sorriso da Virgem não é de forma alguma deixar-se dominar por uma imaginação descontrolada. A própria Escritura nos revela tal sorriso nos lábios de Maria, quando canta o Magnificat: “A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1, 46-47).
(Trecho da homilia na Missa com os doentes em Lourdes, 15/9/2008)
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