Hoje, dia 20 de fevereiro, celebramos a Festa Litúrgica
dos Pastorinhos de Fátima, os Santos Francisco e Jacinta Marto.

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Das curtas vidas de Francisco e de Jacinta Marto, “as duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas”, como João Paulo II lhes chamou, há poucos registos biográficos. A mais importante fonte para o conhecimento sobre eles é constituída pelas Memórias de sua prima, a Irmã Lúcia.

Nascidos ambos em Aljustrel, com menos de dois anos de intervalo, morrem pouco tempo depois das Aparições, tal como Nossa Senhora lhes tinha anunciado: “a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu [Lúcia] ficas cá mais algum tempo” (13 de junho de 1917).

Eles tiveram vidas breves, mas suficientes para que a Igreja Católica reconhecesse, pela primeira vez na sua história de 2000 anos, a “heroicidade das virtudes e a maturidade de fé de crianças não-mártires”, por decreto de João Paulo II, de 13 de maio de 1989, que abriu o precedente para o reconhecimento da sua santidade.

Francisco Marto

Francisco Marto, cuja iconografia o apresenta com um capuz português na cabeça e um jaleco curto, com o cajado e o saco do farnel ao pescoço, nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado em 20 de junho na Igreja Paroquial de Fátima.

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Com apenas 8 anos de idade, começou, com a sua irmã Jacinta, a pastorear o rebanho dos seus pais pela zona da Cova da Iria, local onde, juntamente com a prima Lúcia, viriam a testemunhar as Aparições, durante as quais podia apenas ver, sem ouvir ou falar.

Levado pelo desejo íntimo de consolar o coração de Jesus, pois – dizia ele – queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração.

Francisco viveu intensamente a oração contemplativa. Para isso, passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima.

Essa vontade de desagravar o coração de Jesus e de se dedicar inteiramente à oração levou-o a desistir de ir à escola, apesar de, nas Aparições, Nossa Senhora de Fátima lhes ter pedido para que aprendessem a ler e a escrever.

A 18 de outubro de 1918, pouco mais de um ano depois da última Aparição, Francisco adoece, vítima da epidemia da gripe pneumónica que assolou o país, a chamada gripe espanhola.

A 2 de abril do ano seguinte, confessa-se e recebe a comunhão pela última vez “com uma grande lucidez e piedade”, como escreve o pároco de Fátima no Livro de Óbitos, ao registar a sua morte, em 4 de abril, acrescentando:
“E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho”.

Francisco foi sepultado no cemitério de Fátima, de onde os seus restos mortais foram exumados, em 17 de fevereiro de 1952, e trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de março de 1952, repousando no braço direito do transepto.

Jacinta Marto

Jacinta Marto teve uma vida ainda mais curta do que a do seu irmão Francisco.

Nascida a 11 de março de 1910, também em Aljustrel, não chega a atingir os 10 anos de idade, ao falecer em Lisboa, igualmente vítima da pneumónica, em 20 de fevereiro de 1920, longe da família, “mas consolada com a certeza de ir para o Céu”, narra Irmã Lúcia, sua prima e também vidente de Fátima.

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Nas Aparições, Jacinta via e ouvia, mas não falava.

Segundo a prima Lúcia, Jacinta afligia-se com o sofrimento dos pecadores de que se apercebera na visão do Inferno (Aparição de 13 de julho de 1917) e o seu coração encheu-se de compaixão por eles e de devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Essa profunda devoção levou-a à oração intensa e a suportar sacrifícios pelos pecadores, relembrou ainda Lúcia nos seus escritos, nos quais recorda que a prima sofria com o afastamento da família, com saudades da mãe, chorando com fome nos períodos em que fazia jejum por compaixão pelos pecadores.

Jacinta disse ter tido várias aparições de Nossa Senhora durante a sua doença, em casa, na Igreja de Fátima, no orfanato onde esteve, em Lisboa, antes de ser internada e, depois, no Hospital de D. Estefânia.

Tal como o irmão, adoece com a gripe espanhola, em outubro de 1918, tendo sido internada pela primeira vez no hospital de Vila Nova de Ourém, de 1 de julho a 31 de agosto de 1919, já depois da morte de Francisco.

No ano seguinte, ano da sua morte, volta a ser internada, desta vez no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, a 2 de fevereiro. Foi operada, mas acabou por falecer em 20 de fevereiro, “com a maior tranquilidade, sem ter comungado”, apesar de ter pedido insistentemente que lhe dessem a comunhão, pois, dizia, iria morrer em breve, segundo o relato do médico que a acompanhou, Eurico Lisboa.

O seu corpo foi levado para Vila Nova de Ourém, em cujo cemitério foi sepultado em 24 de fevereiro, no jazigo dos condes de Alvaiázere.

A 30 de abril de 1951, os seus restos mortais são identificados e trasladados para o braço esquerdo do transepto da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima no dia seguinte, 1 de maio de 1951.

Processo de Canonização

Precisamente um ano depois, a 30 de abril de 1952, o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, abre os dois processos diocesanos sobre a fama de santidade e as virtudes dos dois irmãos.

Seguindo caminhos paralelos, a fase diocesana do processo de Jacinta é encerrada em 2 de julho de 1979, contendo 77 sessões e 27 testemunhos. O processo de Francisco é encerrado, um mês depois, a 1 de agosto, com 63 sessões e 25 testemunhos.

Dez anos depois, em 13 de maio de 1989, João Paulo II decreta a heroicidade das virtudes de Francisco e de Jacinta e os dois pastorinhos passam a ser considerados veneráveis, o que acontece pela primeira vez na História da Igreja Católica com crianças não-mártires.

O passo seguinte no processo de beatificação de Francisco e de Jacinta ocorre dez anos depois, em 28 de junho de 1999, quando o Papa João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília Santos, obtido por intercessão dos dois pastorinhos, abrindo o caminho à beatificação, cuja celebração veio a acontecer, em Fátima, no ano seguinte, em 13 de maio.

A beatificação estava preparada para ter lugar em Roma, mas por vontade do Papa João Paulo II, a celebração foi transferida para Fátima, onde o Papa beatificou Francisco e Jacinta Marto, apresentando-os à Igreja e ao mundo como “duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas”.

O decreto pontifício concede que os veneráveis Francisco e Jacinta sejam considerados beatos, com festa litúrgica a 20 de fevereiro.

A Irmã Lúcia esteve presente na celebração da beatificação dos primos e teve nessa altura o seu último encontro com João Paulo II.
Francisco e Jacinta Marto foram canonizados no Santuário de Fátima, a 13 de maio, durante a Missa da primeira Peregrinação Internacional Aniversária do Centenário das Aparições, presidida pelo Papa Francisco.

Tornaram-se assim os mais jovens santos não-mártires da história da Igreja Católica.


Fonte: Arautos do Evangelho