Vão se difundindo, em todo mundo católico, as Capelas de Adoração Eucarística Perpétua. Geralmente, são espaços anexos às igrejas, onde o Santíssimo Sacramento está exposto continuamente por 24 horas.  Os fiéis se comprometem a adorar ao Senhor em turnos fixos. Também chegam pessoas em horas que podem escolher segundo sua conveniência, mesmo que não estejam inscritas. Em Salvador, na Igreja de São Raimundo Nonato, localizado na região central da cidade soteropolitana, a Adoração Perpétua é realizada há 87 anos.

Esta prática devocional se tornou muito comum em quase todas as Dioceses do mundo. Bento XVI já comemorava esta realidade em seu discurso de Natal de 2005: “é comovente para mim ver a Igreja descobrindo a alegria da Adoração Eucarística e os seus frutos já se manifestam”.

Cem anos antes, São Pio X, conhecido como o Papa da Eucaristia, por ter permitido às crianças a possibilidade de comungar ainda na infância e aos fiéis a comunhão diária, chamou a Adoração Perpétua como “a obra mais sublime de todas as obras”.

Escreveu São Pedro Julião Eymard, Fundador dos Sacramentinos: “Temos que tirar Jesus Eucarístico do esquecimento e colocá-lo novamente no topo da sociedade cristã para que a dirija e a salve. Temos que construir para ele um palácio, um trono, cercá-lo com uma corte de servidores fiéis, de uma família de amigos, de um povo de adoradores”.

Disso se trata. É necessário motivar os servidores, para que sejam bons amigos e fervorosos adoradores.

Na história da Igreja, constatamos que até o século XII, o culto eucarístico se limitava ao momento da celebração da Missa. Posteriormente, começaram as celebrações extra-litúrgicas e públicas, sendo a mais significativa, a solenidade de Corpus Christi. Também mais tarde, outras formas de adoração como as Quarenta Horas, a Adoração Noturna ou os Congressos Eucarísticos. A Adoração Perpétua, que teve a sua origem nos conventos e mosteiros, de onde foi permeando a esfera social, acolhida pelo clero secular e pelas próprias dioceses. Atualmente calcula-se que em todo o mundo há cerca de 2.500 lugares com a adoração perpétua estabelecida.

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O número impressiona, é uma bela conquista… mas poderia ser muito maior. Ainda mais que se comprovam os frutos nos lugares onde se adora perpetuamente o Pão dos Anjos: aumento da assistência à Missa e de recepção dos sacramentos, muitos católicos voltam à prática religiosa depois de terem se afastado, crescimento das vocações sacerdotais e religiosas, renovação da vida familiar, valorização da vida comunitária nas paróquias e maior participação nas pastorais…

Há um exemplo impressionante que foi muito difundido em sua época. Vale a pena registrá-lo aqui. Na cidade Juárez, uma das cidades mais perigosas do México por conta da criminalidade, foram abertas dez capelas de Adoração Perpétua e o resultado foi extraordinário: no espaço de cinco anos (2010-2015) as taxas de homicídios foram reduzidas de 3.766 a 256 somente! É certo que a prática da adoração influenciou neste resultado!

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Independentemente de resultados positivos, espirituais e práticos, Jesus nos espera sempre. Ele permaneceu neste sacramento precisamente para estar com os homens. E os homens o deixam sozinho…

Impressiona a interpelação que faz Jesus no Getsêmani aos seus três íntimos Apóstolos: “Veio então aonde os discípulos estavam e os encontrou dormindo, e disse a Pedro: como não foi capaz de vigiar uma hora comigo?” (Mt 26, 40). A cada fiel o Senhor faz a mesma pergunta; nos interroga com dor mas sem amargura e cheio de suavidade, como quem convida um amigo: “Nem uma hora?”

O Santíssimo Sacramento é uma tábua de salvação para a nossa sociedade desviada. É também a Virgem Santíssima… que nos leva ao seu Divino Filho presente na Eucaristia. Há uma belíssima invocação Mariana: “Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento”. Ela foi o primeiro sacrário onde Jesus habitou durante nove meses, dando-lhe à Virgem sua carne e seu sangue. Maria nos dá a Eucaristia, remédio de imortalidade, em oposição ao funesto alimento que nos deu Eva.

Quando a humanidade se renderá ao jugo suave do Senhor que nos espera em tantos lugares onde está exposto? Quando isto acontecer, se poderá dizer que se realizou a súplica: “faça-se a tua vontade assim na terra como no céu”.

Jesus nos adverte docemente para assistir à Missa dominical. Entretanto, todos os dias, incansavelmente e sem se render, nos atrai… tantas vezes em vão. No caminho entre nossa casa e o trabalho ou a escola, ou mesmo pelos lugares onde passamos, muitas vezes há um local onde está o Santíssimo Sacramento: uma igreja, uma capela, um oratório. E nem uma hora podemos acompanhá-lo, nem cinco minutos, nem mesmo um? A presença real de Cristo no meu caminho é um imerecido privilégio e uma enorme responsabilidade!

Concluímos com uma reflexão: o poeta Virgílio sentenciou “fugit irreparabile tempus” (o tempo escapa de forma irremediável). Com efeito, os anos passam e vão deixando suas marcas, enquanto os corações de pedra insistem em não se beneficiar dos benditos eflúvios que partem da Hóstia consagrada. Irremediavelmente chegará também o dia do acerto de contas…

Queira Deus que neste dia, pelos rogos de Maria Santíssima, o Rei de tremenda Majestade nos salve, pois Ele é fonte de piedade, como reza o hino latino Dies Irae: “Rex tremendae maiestatis, salvandos salvo livre, salva-me, fons pietatis”.

[Texto Adaptado] De Padre Rafael Ibarguren, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho


Fonte: Conteúdo publicado em gaudiumpress.org