Hoje, mais do que em qualquer outra era histórica, a Igreja tem urgente necessidade de famílias santas para vencer a grave crise pela qual atravessa
Pe. Francisco Teixeira de Araújo, EP
Ninguém pode negar o fundamental papel da família para o florescimento dos chamados ao sacerdócio e à vida religiosa, nem o fato de uma das principais causas da atual crise de vocações ser o escasso número de casais que rezam junto com seus filhos, ensinam-lhes o papel da Religião nas suas vidas e os convidam com o próprio exemplo a praticar os Mandamentos.
Nas famílias onde o pai e a mãe, embora se dizendo cristãos, vivem como se Deus fosse um ente “con il quale o senza il quale, il mondo va tale quale”* não surgem vocações religiosas. Ou, pior ainda, nascem e começam a desabrochar, mas logo murcham por faltar-lhes as condições para se tornarem o belo fruto que estavam chamadas a ser.
Assim, mais do que em qualquer outra era histórica, a Igreja tem urgente necessidade de famílias como a de Macrina a Maior, para vencer a grave crise pela qual atravessa.
Nasceu Macrina em finais do século III em Neocesaréia do Ponto (atual Niksar, Turquia). Foi enlevada discípula de São Gregório, o Taumaturgo e deu a seu filho Basílio sólida formação fundada nos ensinamentos e no exemplo recebidos do santo prelado. Basílio desposou uma jovem tão virtuosa quanto ele e ambos mereceram, por sua edificante vida, serem venerados como São Basílio o Velho e Santa Emélia.
Concedeu-lhes o Senhor dez filhos, quatro dos quais a Igreja elevou à honra dos altares: São Basílio Magno, São Gregório de Nissa, São Pedro de Sebaste e Santa Macrina a Menor.
Famílias exemplarmente católicas houve várias ao longo da História da Igreja. Basta lembrar Santa Teresinha do Menino Jesus, cujos pais foram recentemente canonizados. Deram-se também casos como o de São Bernardo de Claraval, que aos vinte anos de idade renunciou a uma promissora carreira e arrastou consigo para o mosteiro seu próprio pai, todos os seus irmãos e numerosos amigos.
Mas, será que esses exemplos continuam válidos nos nossos dias?
A julgar pelo que vemos em grande número de casais que se dizem cristãos, a resposta deveria ser negativa. Mas, percorrendo os pátios e os vastos salões nos quais se desenvolvem os Congressos de Cooperadores dos Arautos do Evangelho, percebe-se um panorama muito diverso.
Entre os mais de mil e duzentos participantes dos último congresso realizado em julho próximo passado encontrava-se uma senhora já viúva, mãe de três filhos sacerdotes Arautos e de uma filha religiosa, com votos perpétuos. Noutro canto, um casal que não hesitou em dar à Santa Igreja os seus seis filhos: dois sacerdotes Arautos e quatro religiosas, também já com votos perpétuos. Mais além, numa animada roda de conversa, a mãe de dois sacerdotes Arautos descobre que sua interlocutora é mãe de uma religiosa e um presbítero…
Sem falar no grande número de casais cujos filhos se preparam para o sacerdócio ou cujas filhas não almejam senão pronunciar o quanto antes os votos perpétuos.
Aí está a solução do problema. Quando os membros de uma família procuram ser verdadeiramente católicos, surgem e crescem no seu seio as vocações sacerdotais e religiosas com a mesma naturalidade com que nas boas árvores brotam belas flores e bons frutos.
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* “Com o qual ou sem o qual, o mundo vai tal e qual”.
Veja também:
Muito melhor do que um estudo, uma compilação de trabalhos acadêmicos, etc, sobre os efeitos da graça de Deus nas almas, é ouvirmos o testemunho real e direto de quem a recebeu.
Fonte: Apostolado do Oratório
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