Numerosas pessoas comentam o tempo que perdem indo ou voltando do trabalho, da faculdade e de outros percursos nas grandes cidades. Alguém observou que o geral das pessoas passa o tempo olhando o mesmo trajeto que já conhecem incontáveis vezes. Um olhar praticamente sem fruto, inútil. Poucos aproveitam para ir constituindo um tesouro: rezar o Rosário.
Caso você tenha perdido o hábito de rezá-lo, ou “não tenha tempo”, aproveite esse tempo perdido: reze o Rosário.
Para incentivá-lo, as considerações que seguem podem lhe ser úteis.
ROSÁRIO: SEUS TESOUROS ESCONDIDOS
Ensina o eminente teólogo mariano São Luís Maria Grignion de Montfort, que foi “a Santíssima Trindade quem compôs o Saltério da Santíssima Virgem, o Rosário”. (1)
Se analisamos seus Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos, vemos que eles o tornam um “compêndio do Evangelho, o Rosário nos recorda os principais episódios da vida de nosso Redentor”. (2)
Percorrer com Nossa Senhora “as cenas do Rosário é como frequentar a ‘escola’ de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem. Uma escola, a de Maria, ainda mais eficaz, quando se pensa que Ela a dá obtendo-nos os dons do Espírito Santo com abundância e, ao mesmo tempo, propondo-nos o exemplo daquela ‘peregrinação da fé’, na qual é mestra inigualável”. (3)
Por tudo isso, compreendemos melhor a revelação que a própria Virgem fez ao Beato Alano de la Roche: “Depois do Santo Sacrifício da Missa, que é a primeira e mais viva memória da Paixão de Jesus Cristo, não há devoção mais excelente e meritória que o Rosário, que é como uma segunda memória e representação da vida e Paixão de Jesus Cristo”. (4)
GRANDE MEIO PARA ALCANÇAR A PERFEIÇÃO
São Luís Grignion, ele mesmo exímio pregador do Rosário, cita alguns exemplos de Bem-aventurados que nunca abandonaram a sua recitação, encontrando nele a força de sua virtude, tais como São Francisco de Sales, São Carlos Borromeu, São Tomás de Villanueva, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, São Francisco de Borja, Santa Teresa de Jesus, São Filipe Néri, entre outros. (5)
E para animar-nos a seguir a trilha destas almas exponenciais, ele acrescenta “que o Rosário rezado com a meditação dos mistérios:
- primeiro, nos eleva insensivelmente ao perfeito conhecimento de Jesus Cristo;
- segundo, purifica nossas almas do pecado;
- terceiro, nos permite vencer nossos inimigos;
- quarto, nos facilita a prática das virtudes;
- quinto, nos abrasa em amor a Jesus Cristo;
- sexto, nos proporciona com que pagar nossas dívidas para com Deus e com os homens;
- e, enfim, nos obtém de Deus toda classe de graças”. (6)
Os autores de vida espiritual são unânimes em asseverar que a meditação dos mistérios do Rosário é um notável meio de perfeição.
AURORA DO REINO DE MARIA
Nas aparições de Fátima, Nossa Senhora manifestou aos pastorinhos, com humilde clareza, qual era o desejo de Deus: “Ele quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. A quem a aceita, prometer-lhe-ei a salvação e estas almas serão amadas de Deus, como flores colocadas por Mim para enfeitar o seu trono”. (7) E é o Santo Rosário conditio sine qua non [condição indispensável] para perseverarmos nesta devoção, como Ela tanto repetiu.
Atender à mensagem trazida pela Mãe de Deus supõe, portanto, lutar para sermos, conforme diz São Luís Maria Grignion de Montfort, “verdadeiros servos da Virgem Santíssima que, como outros tantos São Domingos, vão por toda parte, com a tocha brilhante e ardente do Santo Evangelho na boca e o Santo Rosário na mão, a ladrar, como cães, arder como fogos e iluminar como sóis as trevas deste mundo”. (8) Se assim o fizermos, logo vislumbraremos no horizonte a aurora do triunfo de seu Imaculado Coração.
E como “Jesus Cristo veio ao mundo por intermédio da Santíssima Virgem, é também por meio d’Ela que Ele deve reinar no mundo”, (9) ensina ainda São Luís Grignion. Deste modo, “o triunfo d’Ela é o triunfo de Cristo. É o Reino de Maria, no Reino de Cristo!” (10)
(1) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. El secreto admirable del Santísimo Rosario. Rosa VI. In: Obras. Madrid: BAC, 1954, p.321.
(2) CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. Um Natal sob o signo do Rosário. In: Arautos do Evangelho. São Paulo. Ano I. N.12, dezembro de 2002, p.7.
(3) SÃO JOÃO PAULO II. Rosarium Virginis Mariæ, n.14.
(4) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, op. cit., Rosa XXVIII, p.356.
(5) Cf. Idem, Rosa XXVI, p.353.
(6) Idem, Rosa XXVII, p.353.
(7) IRMÃ LÚCIA. Memórias I. Quarta Memória, c. II, 13.ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007, n.4, p.175.
(8) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. La oración abrasada. In: Obras, op. cit., p. 599.
(9) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado de la verdadera devoción a la Santísima Virgen, n.1. In: Obras, op. cit., p. 439.
(10) ClÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará! São Paulo: Lumen Sapientiæ, 2017, p.16.
(Trecho (o título é nosso) do artigo “O Santo Rosário, uma oração que conduz ao Reino de Maria” de autoria da Ir. Elen Coelho, EP, publicado na revista Arautos do Evangelho nº 190, outubro de 2017, p. 23-27. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )
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