Após o Batismo, a primeira disposição do Espírito Santo foi de conduzir Jesus ao deserto, onde Ele permaneceu quarenta dias em regime de penitência, isolamento e oração. Mostra-nos assim o Divino Mestre que, antes de lançar-se a santos e grandes feitos, é indispensável preparar-se pela oração e pela contemplação, pois a vida interior é a alma de toda ação missionária.
Se o próprio Deus humanado deu esse sublime exemplo, qual lição devem dele tirar todos quantos, em nossos dias, consagram a vida ao apostolado? O extenso feriado de carnaval foi um excelente período de formação e meditação para os Cooperadores dos Arautos do Evangelho, que participaram de um Retiro Espiritual orientado pelo Revmo. Pe. Antônio Hernando, EP, e Revmo. Pe. Masahaki Hagiahara, EP. Estiveram reunidas mais de 50 pessoas na casa de retiro Padre Dehon, na cidade de Brusque/SC, em uma rotina regada com a Santa Missa, reuniões, meditações, oração do santo terço e adoração ao Santíssimo Sacramento.
Adequar nossos pensamentos, desejos, ações e sentimentos conforme Nosso Senhor Jesus Cristo, é o único meio de correspondermos condignamente ao amor que Deus manifesta por cada um de nós. Em nossa vida espiritual, falta-nos muitas vezes a compenetração da necessidade de sermos santos. Não raro procuramos ser simplesmente corretos, esquecendo o chamado do Concílio Vaticano II tantas vezes repetido: “Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: ‘sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt 5, 48)”.22
“Gravíssimo erro comete”, ensina Santo Afonso Maria de Ligório, “quem sustenta que Deus não exige que todos nós sejamos santos, pois São Paulo afirma: ‘Esta é a vontade de Deus, vossa santificação’ (I Tes 4, 3). Quer Ele que sejamos todos santos, cada qual conforme seu estado: o religioso como religioso, o leigo como leigo, o sacerdote como sacerdote, o casado como casado, o comerciante como comerciante, o soldado como soldado, e o mesmo se diga de todos os demais estados e condições de vida”.23
Com efeito, precisamos “progredir no conhecimento de Jesus Cristo”, porque sendo Ele Deus e Homem verdadeiro é o arquétipo de todo o universo. Mas basta conhecer? Não. Bem diz São João da Cruz: “No entardecer desta vida sereis julgados segundo o amor”.24 A mais profunda compreensão da doutrina deve servir, sobretudo, para aumentar a caridade em nós, de forma que melhor conhecendo a adorável Pessoa de Nosso Senhor, tenhamos maiores possibilidades de “corresponder a seu amor”.
Nada disto obteremos, porém, sem o auxílio da graça. O homem não tem forças por si mesmo para adequar estavelmente conforme Nosso Senhor seus pensamentos, desejos, ações e sentimentos. Para tornar efetiva a conversão a qual Jesus nos convida, indispensável dizer, junto com o profeta: “Converte- me, e converter-me-ei, porque Tu és o Senhor meu Deus” (Jr 31, 18b).
(Excertos extraídos do artigo de autoria de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, na Revista Arautos do Evangelho, Fev./2012, n. 122, p. 10 à 17).
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