“Calai-vos, calai-vos!” dizia São Paulo da Cruz ao tocar com a extremidade do seu bastão nas flores que ia encontrando pelos caminhos, pois elas tanto lhe “falavam” de Deus e de suas maravilhas que ele, tomado por forte emoção, pedia-lhes que se “calassem”.
Em outra ocasião, deixando a estrada que percorria, entrou numa trilha que o levava ao convento onde falecera o grande São Tomás de Aquino; subitamente se pôs a dizer ao seu acompanhante: “Oh! Não ouves essas árvores e folhas clamarem: amai a Deus! Amai a Deus!”
É muito próprio dos santos e das almas inocentes ouvir a natureza falar de Deus, pois vivem numa “clave” onde percebem com extrema facilidade o alto valor simbólico que o Criador colocou em toda a sua obra.
Nosso Senhor mesmo nos ensinou, nas suas maravilhosas parábolas, a considerar o simbolismo da criação, para mais facilmente chegarmos a Ele. Quem não se recorda do Evangelho ao olhar os lírios do campo? Não estão eles sempre a nos admoestar: homens de pouca fé, não vos preocupeis com o que haveis de vestir; não fiamos, nem tecemos, no entanto, nem Salomão em sua glória jamais se vestiu como um de nós.
Mas não só as flores nos falam de Deus; o universo inteiro está continuamente a nos pedir que o compreendamos, que o ouçamos, que o leiamos, que o sintamos e o percebamos com nossa inteligência e com nossos sentidos, pois ele está sempre a cantar que Deus existe, que Deus nos ama, que Deus é a verdade, é a bondade, é a beleza.
Não foi apenas a Si mesmo que Deus quis simbolizar na obra da criação. No seu imenso amor Àquela que é por Ele a mais amada de todas as suas criaturas, Deus quis também representá-la na sua obra. O Pequeno Ofício da Imaculada Conceição assim canta a glória de Maria: “Ele próprio a criou no Espírito Santo. E a representou maravilhosamente em todas as suas obras”.
Que o Divino Artista, na sua imensa misericórdia, envie-nos a sua graça para nos dar inteligência para entender, vontade para querer ver, sentidos para perceber a sua presença e a de sua Santíssima Mãe em toda a esplêndida ordem do Universo no qual vivemos e do qual fazemos parte, para melhor amá-Los, servi-Los e glorificá-Los, preparando-nos assim para a contemplação das maravilhas celestes e a visão sem fim de Deus face a face.
(Condensação do artigo do mesmo título, de autoria do Pe. Francisco Teixeira Araújo, EP, na revista Arautos do Evangelho, nº 6, junho de 2002, pp. 24-25).
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