Durante nove meses, quis Jesus viver no claustro materno de Maria. Ele, o Homem-Deus, a Quem todas as coisas obedecem, o Céu e a Terra não podem abarcar, deliberou colocar-Se na mais completa dependência de sua Mãe terrena.

Essa sujeição é motivo de reflexão para todos os fiéis, mas, sobretudo, para aqueles que se entregaram a Maria como escravos, segundo a devoção ensinada por São Luís Grignion. Essa forma de entrega a Jesus pelas mãos de Maria é “para honrar e imitar a dependência à qual o Verbo Encarnado quis Se submeter por amor a nós” (O segredo de Maria, n.63).

Compreende-se assim quão insensata é a desobediência das criaturas ao Criador, e suas consequências terríveis. Hoje, sob a capa de uma pretensa liberdade, que não passa de funesta escravidão ao pecado e às paixões desordenadas, uma multidão de homens se ufana em escolher o caminho da desobediência aos Mandamentos e conselhos do Senhor. E, cabe perguntar, não será essa uma das causas mais profundas da rápida deterioração do mundo atual?

O espírito de humildade da Santíssima Virgem em face desse mistério toma uma dimensão insondável. Ao Lhe ser anunciado que o Verbo ia Se encarnar n’Ela, sua reação não se manifestou num hino de vanglória, mas em termos humilíssimos: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

Resplandece assim a atitude de Maria dizendo-Se escrava de Deus no momento em que o próprio Criador queria, por assim dizer, fazer um ato enorme de servidão, de dependência, digamos ousadamente, de escravidão em relação a Ela.

(Adaptado da revista “Arautos do Evangelho”, nº 123, de maio de 2012, p. 5)
Ilustrações:  Arautos do Evangelho

Fonte: Arautos do Evangelho em Montes Claros