Numa exposição temática sobre o mar, estava exposta uma pérola lindíssima e famosa. Infelizmente não guardei o nome. Sim, nome, pois as pérolas, como os melhores diamantes, têm nome.
A concha na qual esta maravilha se formou — imaginei —devia ter algo da beleza da pérola.


Essas considerações me vieram à mente ao considerar os santos cuja memória a Santa Igreja comemora em 26 de julho: Sant’Ana e São Joaquim, aos quais a liturgia oriental católica chama pitorescamente “os santos avós de Deus”, pois são os pais de Nossa Senhora. Foram, por assim dizer, a concha a qual deu origem a uma pérola… e que Pérola!
Sobre eles diz São João Damasceno:
“Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador. (…)

Educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração. (…)
Alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a Mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é Rainha dos anjos.
Ó formosíssima e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram”. (1)

A CONCHA

As fontes históricas sobre o santo casal foram colhidas pelos primeiros Padres da Igreja, alguns deles contemporâneos aos Apóstolos. (2)
São Joaquim era descendente de Davi, e Santa Ana (ou Santana), cujo nome, em hebraico “Hanna”, significa “graça” era descendente de Aarão.
Como a generalidade das jovens em Israel, Ana casou-se muito cedo e já quase chegada à velhice, não tinha filhos, fato este considerado pelos judeus como uma espécie de maldição. Por esta razão, ela e seu esposo eram desprezados e até humilhados em público, inclusive por sacerdotes do Templo. Recebiam tudo isso com paz de alma e resignação, em muitos casos de modo heroico.
Essas adversidades constituíam para o santo casal um amargo sofrimento até que, já idosos, ambos têm a aparição de um anjo que lhes anuncia o nascimento de um filho.

A PÉROLA

Maria menina – Equador

Santa Ana deu à luz uma linda menina à qual deram o nome de Miriam (em latim “Maria”) que em hebraico, significa “Senhora soberana”. Segundo alguns pesquisadores, provém do sânscrito “Maryáh”, que quer dizer literalmente “a pureza, a virtude, a virgindade”.
Foi Maria escolhida por Deus para ser a Mãe de seu Divino Filho, Jesus, sendo concebida sem pecado original, cheia de graça — conforme a saudação do anjo Gabriel —, co-Redentora, medianeira universal de todas as graças.

Foi a Ela que recebemos por Mãe, conforme as palavras de Jesus a São João Evangelista: “Filho, eis aí tua Mãe”. (Jo 19, 27)

Nas palavras do grande doutor mariano, São Luís Grignion de Montfort, Maria Santíssima “é a obra-prima por excelência do Altíssimo, cujo conhecimento e domínio ele reservou para si. Maria é a Mãe admirável do Filho, (…) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode penetrar. Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins” (3)

(1) São João Damasceno, Nativitatem B. Mariae V, nºs. 2.4.5.6. apud Liturgia das Horas, tradução da segunda edição típica vaticana, Ed. Paulus, São Paulo, 2000, vol. III, p. 1450)
(2) Entre outros Santo Inácio de Antioquia (que foi sagrado Bispo por São Pedro), São Gregório de Nissa, São Clemente de Alexandria, São Justino, etc.
(3) São Luís Maria Grignion de Montfort, “Tratado da verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, Ed. Vozes, Petrópolis, 46ª edição, 2017, nº 5, p. 20-21.
Ilustrações: Arautos do Evangelho, weboimag, divulgação (Prado).

Fonte: Arautos do Evangelho em Vitória