Depois de criar 14 novos Cardeais, ontem, dia de São Pedro e São Paulo, o Papa deu continuidade ao que se estabeleceu no interior do Consistório e presidiu a cerimônia de realização da entrega do denominado “Pálio”.

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A entrega do Palio está ligada ao juramento de lealdade ao Papa e seus sucessores pelos metropolitas. Na ocasião em que os novos Cardeais recebem das mãos do Sucessor de Pedro o Pálio, receberam também o barrete e o anel cardinalício.

Significado da Cerimônia e do Pálio

O nome “Palio” vem da palavra latina “pallium” que significa “manto de lã”. Trata-se de uma vestimenta litúrgica usada na Igreja Católica, que consiste numa faixa de tecido de lã branca que é colocada sobre ombros dos Arcebispos.

Ele tem como significado representar a ovelha que o pastor carrega nos ombros, assim como fez ‘o Bom Pastor’, Nosso Senhor Jesus Cristo, com a ovelha perdida.
Ou seja, Palio é a representação simbólica da missão pastoral do bispo.

O Pálio representa também uma das prerrogativas dos arcebispos metropolitanos: é o símbolo de jurisdição a eles outorgada, estando em comunhão com a Santa Sé.

Pálio na História
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Originariamente, o pálio era o manto usado pelos filósofos.
Na arte páleo-cristã, a figura de Jesus e dos apóstolos era pintada neste “manto”.

Esta prática foi posteriormente encampada também pela Igreja que adotou um uso semelhante ao uso do “omoforion”, aquela tira de pano, bem mais larga que o Pálio e que atualmente continua sendo pelos bispos católicos orientais de rito bizantino.

Outrora o Pálio era uma única tira de pano enrolada nos ombros e caída no peito na altura do ombro esquerdo; nos primeiros séculos do cristianismo seu uso foi implantado e ele passou a ser utilizado por todos os bispos.

A iconografia que representa os primeiros bispos e santos documenta isso e só vermos ícones de Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São João Crisóstomo, Santo Inácio de Antioquia, São Hilário e outros.

Em 513, quando o Papa São Simmaco concedeu o pálio a São Cesário, que era bispo de Arles, registra-se o primeiro caso conhecido de imposição do pálio a um bispo.

Foi só a partir do século IX que o Pálio recebeu o formato de “Y” que atualmente tem e do qual as duas extremidades descem abaixo do pescoço até o meio do peito e nas costas. Um formato que passou a ser característica do símbolo da autoridade outorgada pelo Papa e recebida pelos arcebispos metropolitanos.

Apenas como reminiscência, na noite de Natal de 1999, o Papa João Paulo II, ao presidir as cerimônias de abertura do Jubileu de 2000, usava um “omoforion”com cruzes vermelhas.

Como se confecciona o pálio

Dois cordeiros cuja lã é destinada, no ano anterior, são criados pelos monges trapistas da Abadia de Tre Fontane, em Roma. E desde 1644, são abençoados pelo Abade Geral dos Cônegos Lateranenses em Basílica, na Via Nomentana Complexo Monumental de Santa Inês, fora dos muros, no dia em que se faz memória da Santa, em 21 de janeiro.

Depois são levados ao Papa no Palácio Apostólico.
O pálio é tecido e costurado pelas freiras de clausura do convento romano de Santa Cecília em Trastevere.
Os pálios são armazenados na Basílica de San Pietro, em Roma, aos pés do altar central da Basílica que é conhecido como “Altar da Confissão”, bem muito próximo ao túmulo do Apóstolo Pedro.

Como é um pálio

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O pálio, em sua forma atual, é uma faixa estreita de tecido, com cerca de cinco centímetros de largura, tecida em lã branca, curvada no meio para poder repousar sobre os ombros acima da casula e com duas franjas pretas penduradas na frente e atrás, de modo que – visto tanto na frente quanto atrás – a vestimenta lembra a letra “Y”.

Ele é decorado com seis cruzes negras de seda que recordam as chagas e feridas de Cristo, uma em cada tira pendente e quatro na curvatura, e é cortado na frente e atrás, com três alfinetes em forma de espinhos. Duas características parecem ser uma recordação dos momentos em que o pálio era um simples lenço duplo dobrado e pregado com um alfinete no ombro esquerdo de quem o portava.

O Papa Bento XVI restaurou o uso do longo e cruzado pálio no ombro esquerdo usado até o século IX, deixando inalterada a forma do pálio concedido aos arcebispos, com as duas franjas penduradas no alto centro do peito e no meio das costas.

Porém, por ocasião da Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, em 29 de Junho de 2008, o Papa voltou a usar um pálio em formato de “Y”, similar ao usado comumente pelos metropolitas, mas com forma mais ampla e com a cor vermelha das cruzes.

Essas diferenças de hoje põem em evidencia a diversidade da jurisdição, reservada para o Bispo de Roma, enquanto que em épocas anteriores em períodos remotos, não havia este significado particular, dado que eles eram comuns a todos os bispos, sem distinção.

O Papa Francisco, após a cerimônia solene de imposição do Pálio das mãos do proto-diácono cardeal Jean-Louis Tauran, portava o mesmo Pálio durante a Missa de inauguração do seu ministério petrino. (JSG)


Fonte: Conteúdo publicado em gaudiumpress.org